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Obra erudita “Pierrot Lunaire” nesta quarta-feira (14) na Igreja de Santo Alexandre

Obra inédita em Belém, a composição “Pierrot Lunaire”, do austríaco Arnold Schönberg (1874 – 1951), será apresentada na próxima quarta-feira (14), às 20h, na Igreja de Santo Alexandre. A iniciativa é da maestrina e compositora Cibelle J. Donza, com realização da Escola de Música da UFPA (EMUFPA) e Governo do Estado do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), e integra o projeto “Música nos Museus”. A entrada é gratuita. O espetáculo terá canto-falado de Marisa Brito, e direção cênica de Carlos Vera Cruz e participação dos músicos e professores da EMUFPA, mais convidados: Celson Gomes, Ariel Alves, João Marcos Palheta, Cristian Brandão, Rodrigo Santana, Renata Tavernad e Carlos Pires.

Quando estreou em 1912, em Berlim, a obra significou um rompimento com a tradição da escola romântica da música erudita na Europa. Schönberg almejava desenvolver uma nova linguagem musical, para além dos princípios da tonalidade. Na capital paraense, a maestrina também imbuída por esse preceito de novidade e de propor ao público novas experiências, apostou na ideia de realizar esta peça, composta por 21 poemas escritos em francês pelo belga Albert Giraud, que foram traduzidos para o alemão por Otto Erich Hartleben.

Cibelle Donza acredita que, apesar da ampla produção artística que existe em Belém, a cidade tende a ser mais tradicional quando o assunto é música de concerto e que, geralmente, quando se fala de “música erudita do século XX”, é comum perceber que a compreensão desse tipo de sonoridade não está bem estabelecida. Por isso, ela criou um projeto de extensão na UFPA chamado “Ateliê Contemporâneo”, com o objetivo de abrir um espaço para realizar montagens e difundir esse tipo de repertório. E também oferecer meios e ferramentas para facilitar o entendimento e contribuir para uma melhor fruição das obras.

“O ‘Pierrot Lunaire’ será a primeira dentro desse projeto. Acredito que nada mais do que justo que montagens de grandes obras sejam realizadas na cidade. Além da importância artística, também vejo nisso uma importância educacional, pois além de favorecer a experiência ao vivo de apreciação da obra, também pretendemos exibir um vídeo inicial falando um pouco sobre a obra e suas características, para direcionar o modo de ouvir e fomentar uma ampliação da percepção do colorido da obra”, explica a maestrina.

A ação integra o Programa Cultura por Todo o Pará e visa a popularização e difusão da música de concerto para a comunidade, buscando trazer para o cotidiano de Belém esse estilo.

Desafio vocal
Convidada para interpretar o Pierrot, a cantora Marisa Brito diz que a participação no espetáculo foi um verdadeiro presente, pela sua facilidade para experimentações artísticas. Esta será a primeira que ela cantará em alemão. “Sempre gostei de experimentar, em muitas vertentes, e é a primeira vez também que canto uma obra atonal, o que me tirou totalmente da minha zona de conforto e me proporcionou abrir ainda mais a minha mente e meus ouvidos”, comenta. “A cada dia de estudo me apaixono mais pela obra e descubro novas possibilidades. Tenho certeza de que será uma experiência transformadora e muito rica para mim, e que sairei desse processo com uma nova bagagem artística para minhas próximas criações”, completa.

A dramaticidade
O diretor cênico Carlos Vera Cruz – que também tem larga experiência como ator e já atuou em diversas produções do Festival de Ópera do Theatro da Paz – se baseou na própria história da composição para dar aos elementos cênicos a dramaticidade necessária à realização da obra: o triângulo amoroso entre o Pierrot, o Arlequim e a Colombina, que são figuras tradicionais na commedia dell’arte, um estilo de teatro italiano que surgiu no período da Renascença, com ícones de trupes mambembes que acabavam se tornando personagens conhecidos do grande público. No Brasil, diferente da Itália, esses personagens ficaram conhecidos nas celebrações de carnaval.

“Então, será um baile de carnaval como se fosse nos anos 1920 em Belém. Por isso os músicos estarão todos fantasiados como se estivessem neste grande baile de carnaval. Neste grande baile, o Pierrot compartilha com eles essas memórias desse amor platônico que ele sentia pela Colombina”, explica Carlos Vera Cruz. “Assim como Kandinsky buscava a pintura abstrata na mesma época, assim como Rousseau e Ravel buscavam outras expressividades do corpo e da dança na mesma época que Schönberg compôs essa obra, espero estar fazendo jus a intenção dele de querer fazer algo não convencional”, analisa o diretor cênico.

Serviço
Apresentação da obra “Pierrot Lunaire”, de Schönberg, com direção musical de Cibelle Donza
Data: 14/08/2019
Local: Igreja Santo Alexandre
Horário: 20h
Entrada gratuita
Ingressos: distribuição no local, às 19h
Informações: 4009-8664