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Mostra de cinema afro amazônico chega à Bolívia nesta quinta-feira (17)

Com o objetivo de promover a internacionalização do cinema da Amazônia, a Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico chega à La Paz, capital da Bolívia, no próximo dia 17 de outubro. Pela primeira vez fora do Brasil, a mostra reúne cinco curta-metragens, de quatro estados da Região Amazônica, que discutem o imaginário na confluência África-Amazônia.

As exibições ocorrerão no Centro Cultural do Brasil em La Paz, com classificação indicativa livre. A curadoria selecionou obras de realizadores do Pará, Amazonas, Amapá e Mato Grosso. As produções abordam experiências e modos de viver e fazer do povo amazônico, empoderamento feminino, resistências de comunidades quilombolas e indígenas e ancestralidade.

A mostra conta ainda com uma conferência sobre o cinema na Amazônia, o fazer cinema na região e suas peculiaridades, e a importância do audiovisual na preservação da floresta. Para completar a experiência sensorial, o público poderá conhecer um pouco da culinária paraense, como maniçoba e cachaça de jambu, além do aroma da priprioca, que será borrifada no ambiente da exibição.

A Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico é uma realização da produtora audiovisual paraense Cine Diáspora. Para a produtora, que utiliza do audiovisual para pensar soluções antirracistas e elevar a autoestima do povo negro, o projeto é uma oportunidade de destacar as narrativas afro amazônidas pelo mundo. A produtora está focada na internacionalização do cinema da Região Amazônica, por meio de parcerias com os países do Sul Global.

“A importância desse projeto, além de promover e internacionalizar o cinema negro da Amazônia brasileira, da Amazônia Legal, é também identificar as confluências existentes no audiovisual negro da Amazônia internacional. É muito importante essa discussão e fomentar esses tipos de parcerias para incentivar o cinema negro”, destaca a diretora da Cine Diáspora, Lu Peixe.

A Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico nasceu em Belém do Pará, em outubro de 2023, e começou a circular pelo Brasil a partir de dezembro do mesmo ano, iniciando em Salvador (BA) e, posteriormente, Brasília (DF), atraindo um público total de cerca de 400 pessoas.

A chegada da mostra audiovisual à Bolívia atende a um convite do ciclo de cinema panamazônico “A peque peque”, do projeto expositivo “As coisas como antes. Imaginários nacionais sobre a Amazônia Boliviana”, coordenado pelos pesquisadores bolivianos Ara Goudsmit e José Octavio Orsag Asimismo, com patrocínio do Centro de Cultura da Espanha em La Paz/Embaixada da Espanha na Bolívia.

A participação dos cineastas Rafael F. Nzinga e Lu Peixe, diretores da Cine Diáspora, na programação tem com patrocínio do Edital de Intercâmbio Cultural Minc – Circulação e Participação Audiovisual no Exterior e da Busia Foundation Internacional, e apoio institucional do Consulado de Gana no Brasil e do Centro Cultural do Brasil em La Paz/Embaixada do Brasil na Bolívia.

O que é Adinkra?
A Mostra traz em seu conceito a simbologia dos Adinkras, sistema de escrita pictográfica criado pelo povo Akan, localizado no oeste da África. Os símbolos preservam e transmitem valores fundamentais ligados à cultura africana e inspiraram a curadoria para definir a temática de cada uma das quatro sessões de filmes: Sankofa (buscar o passado para construir o futuro), Ananse (criatividade e sabedoria), Duafe (feminino) e Aya (resistência e desenvoltura).

Veja abaixo a programação:
Sessão Sankofa
“Alexandrina – Um Relâmpago” – Keila Sankofa (AM): “Alexandrina – Um Relâmpago” faz do cinema de invenção um campo fértil de contestação, que ousa rasgar os registros do perverso e mentiroso passado. Alexandrina, mulher preta da Amazônia, que antes fora reduzida a objeto de estudo, esvaziada do seu vasto repertório de conhecimento e logo jogada ao limbo do suposto esquecimento, agora é o presente!

Sessão Aya
“Utopia” – Rayane Penha (AP): A busca de uma filha por histórias vividas pelo pai garimpeiro, que faleceu no garimpo. Arquivos sobre esse pai, fotos, vídeos e cartas que ele escrevia para a família relatando a vivência e as dificuldades do garimpo. O documentário procura humanizar homens que dedicam suas vidas à terra. Mais do que um registro, o filme vem mostrar um relato íntimo e poético sobre a vida desses garimpeiros.

Sessão Duaf
“A Velhice Ilumina o Vento” – Juliana Segóvia (MT): “A Velhice Ilumina o Vento” conta a história de Valda, mulher preta, idosa, periférica, trabalhadora doméstica da cidade de Cuiabá. Mulher forte, cuiabana do “pé rachado”, Valda subverte em seu cotidiano o paradigma da velhice estigmatizada.

Sessão Aya
“Samba de Cacete – Alvorada Quilombola” – André Santos (PA): O documentário, com 26 minutos de duração, conta a história do Samba de Cacete, uma tradição cultural ainda preservada em comunidades quilombolas do baixo rio Tocantins, Amazônia paraense, que envolve música, canto e dança com elementos dos batuques afrobrasileiros.

Sessão Sankofa
“Meu Santos Saúdam Teus Santos” – Rodrigo Antonio (PA): Em uma viagem de regresso à ilha do Marajó, terra de seus avós, Rodrigo conhece a pajé Roxita e recebe a notícia de que têm guias espirituais de herança. Rodrigo vive sua iniciação na pajelança marajoara e registra sua relação com Roxita, que será sua guia num encontro com seus ancestrais.

Serviço: Mostra Adinkra de Cinema Afro Amazônico em La Paz (BOL)
Data: 17/10 (quinta-feira)
Hora: 19h
Local: Centro Cultural do Brasil em La Paz